quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Erupções solares podem alterar decaimento radioativo

Quando pesquisadores encontraram uma ligação incomum entre erupções solares e elementos radioativos terrestres, desencadeou-se uma investigação científica que poderia proteger a vida dos astronautas e reescrever alguns dos pressupostos da Física. Um mistério surgiu de forma inesperada: o decaimento radioativo de alguns elementos situados em laboratórios na Terra parece ser influenciado por atividades que ocorrem no interior do Sol, a 150 milhões de quilômetros de distância. Pesquisadores das universidades Stanford e Purdue acreditam que sim. Mas a explicação oferecida por eles dá origem a outro mistério. Existe ainda uma chance remota de que esse efeito inesperado seja provocado por uma partícula até então desconhecida emitida pelo Sol. “Isso seria verdadeiramente notável”, disse Peter Sturrock, professor emérito de física aplicada de Stanford e especialista no funcionamento interno do Sol.

A história começa, em certo sentido, em salas de aula ao redor do mundo, onde aos alunos é ensinado que a taxa de decaimento de determinado material radioativo é constante. Esse conceito é utilizado, por exemplo, quando os antropólogos usam o carbono-14 para datar artefatos antigos e quando os médicos determinam a dose adequada de radioatividade para tratar um paciente com câncer.

Mas essa hipótese foi contestada de forma inesperada por um grupo de pesquisadores da Universidade de Purdue, que na época estavam mais interessados em números aleatórios que em decaimento nuclear. Os cientistas utilizam longas sequências de números aleatórios para uma variedade de cálculos, mas esses são difíceis de ser produzidos, pois o processo utilizado para produzir os números influencia o resultado.

Efraim Fischbach, professor de física na Universidade de Purdue, pensava que a taxa de decaimento radioativo de vários isótopos era uma possível fonte dos números aleatórios produzidos sem qualquer intervenção humana. Uma massa de césio-137 radioativo, por exemplo, pode desaparecer a um ritmo constante global, mas átomos individuais dentro da massa decaem em um padrão imprevisível e aleatório. Portanto, a velocidade do decaimento do césio localizado próximo a um medidor Geiger pode produzir números aleatórios.

À medida que os pesquisadores analisavam os dados publicados sobre os isótopos específicos, encontravam divergência em relação às taxas de decaimento medido – um resultado estranho para supostas constantes físicas. Ao verificar os dados coletados no Brookhaven National Laboratory, em Long Island, e no Instituto Técnico e Físico Federal, na Alemanha, os estudiosos se depararam com algo ainda mais surpreendente: a observação a longo prazo da taxa de decaimento de silício-32 e rádio-226 parecia mostrar uma pequena variação sazonal. A taxa de decaimento era sempre um pouco mais rápida no inverno que no verão.

Essa variação foi real ou apenas uma falha no equipamento utilizado para medir o decaimento, provocado pela mudança das estações, com as consequentes alterações de temperatura e umidade? “Todos pensaram que o resultado devia ser devido a erros experimentais, pois nós, cientistas, somos levados a crer que as taxas de decaimento são constantes”, disse Sturrock.

Em 13 de dezembro de 2006, o próprio Sol forneceu uma pista crucial, quando uma erupção solar enviou uma corrente de partículas e radiação em direção à Terra. Jere Jenkins, engenheiro nuclear de Purdue, enquanto realizava medições da taxa de decaimento do manganês-54 (um isótopo de vida curta utilizado no diagnóstico médico), observou que a taxa havia caído ligeiramente durante a tempestade, uma diminuição que começou cerca de um dia e meio antes da tempestade.

Se essa aparente relação entre erupções solares e as taxas de decaimento se comprovar verdadeira, isso poderia conduzir a um método de prever erupções solares antes de sua ocorrência. Essa descoberta poderia ajudar a evitar danos a satélites e redes elétricas, bem como salvar a vida de astronautas no espaço.

As anomalias percebidas na taxa de decaimento por Jenkins ocorreram durante o meio da noite em Indiana – o que significa que algo produzido pelo Sol havia percorrido o caminho até a Terra para alcançar os detectores de Jenkins. O que poderia ser produzido por uma erupção solar que tivesse esse efeito?

Jenkins e Fischbach deduziram que os responsáveis pela alteração na taxa de decaimento houvessem sido os neutrinos solares, partículas que não possuem quase nenhuma massa e que são conhecidas por voar quase à velocidade da luz através do mundo físico – seres humanos, rochas, oceanos e planetas – sem apresentar praticamente qualquer interação com as coisas.

Em uma série de artigos publicados nos periódicos científicos Astroparticle Physics, Nuclear Instruments and Methods in Physics Research e Space Science Reviews, Jenkins, Fischbach e seus colegas mostraram que era altamente improvável que as variações observadas nas taxas de decaimento tivessem vindo de influências ambientais sobre os sistemas de detecção.

O resultado dessas pesquisas reforçou o argumento de que as oscilações nas taxas de decaimento anômalo foram causadas por neutrinos solares. A oscilação parecia estar em sincronia com a órbita elíptica da Terra, em que as taxas oscilavam à medida que a Terra se aproximava do Sol (sendo exposta a mais neutrinos) e depois se afastava. Então, havia uma boa razão para suspeitar do Sol, mas isso poderia ser provado?

Peter Sturrock é professor emérito de física aplicada na Universidade de Stanford e especialista no funcionamento interno do Sol. Durante uma visita ao Observatório Solar Nacional, no Arizona, Sturrock entregou cópias dos artigos de periódicos científicos escritos pelos pesquisadores da Universidade de Purdue.

Sturrock sabia, por sua longa experiência, que a intensidade da barragem de neutrinos solares enviados em direção à Terra varia em uma base regular, à medida que o próprio Sol gira e mostra uma face diferente, de maneira semelhante às luzes de um carro da polícia [efeito Doppler]. Sturrock sugeriu aos pesquisadores da Universidade Purdue que procurassem por evidência de que as mudanças no decaimento radioativo do planeta variam de acordo com a rotação do Sol. “Isso é o que eu sugeri. E é isso que temos feito”, afirma.

Ao examinar novamente os dados de decaimento do laboratório de Brookhaven, os pesquisadores encontraram um padrão recorrente de 33 dias. Era uma grande surpresa, sendo que a maioria das observações solares apresenta um padrão de cerca de 28 dias – a taxa de rotação da superfície do Sol. A explicação? O núcleo do Sol – onde as reações nucleares produzem neutrinos – aparentemente gira mais lentamente do que a superfície que vemos. “Pode parecer um contrassenso, mas parece que o núcleo gira mais lentamente do que o resto do Sol”, disse Sturrock.

De acordo com Fischbach, todas as evidências apontam à conclusão de que o Sol “se comunica” com isótopos radioativos na Terra. Mas há uma grande pergunta que permanece sem resposta. Ninguém sabe como neutrinos poderiam interagir com materiais radioativos para alterar sua taxa de decaimento. “Não faz sentido, de acordo com as ideias convencionais”, disse Fischbach. Jenkins acrescentou: “O que estamos sugerindo é que algo que realmente não interage com qualquer coisa está mudando algo que não pode ser mudado.”

“É um efeito que ninguém ainda compreende”, concordou Sturrock. “Os estudiosos estão começando a dizer: ‘O que está acontecendo?’ Mas a evidência aponta para isso. É um desafio para os físicos e um desafio para todos.” Se a misteriosa partícula não é um neutrino, “teria que ser algo que não conhecemos, uma partícula desconhecida que também é emitida pelo Sol e tem esse efeito, e que seria ainda mais notável”, disse Sturrock.

(Peter Sturrock é professor emérito de física aplicada na Universidade Stanford, Califórnia, EUA; Chantal Jolagh é estagiária de ciência do Stanford News Service; publicado no Stanford News; traduzido por Matheus Cardoso)

Nota do blog Criacionismo.com.br: As implicações dessa descoberta para os métodos de datação radiométricos parece óbvia, mas, ao que tudo indica, a “ficha ainda não caiu”. [MB]

Nota deste blogger: De fato, Michelson. Sexta-feira passada (11/09), estava comentando sobre esta nova pesquisa em sala de aula. Minha professora sabatinou a classe sobre como é feita uma datação radiométrica em resposta a uma pergunta que fiz, se utilizando do método da Termoluminescência (TL) para exemplificar. Porém, ela não "sacou", enquanto explicava, que este e muitos outros métodos se tornam duvidosos quanto à sua confiabilidade, uma vez que não é de hoje que a oscilação da intensidade dos ventos solares ocorre (além de outros fatores que impedem uma datação confiável, como é o caso do ignorado - mas evidente - dilúvio global, que rompeu com o Princípio Uniformitarista). Foi onde procurei "abrir os olhos" da classe proporcionando uma reflexão sadia, coerente com as evidências. Mas "o pior cego é aquele que não quer enxergar", por isso muitos ignoraram ou não "sacaram" a "sacada". Em contraposição, há cerca de 200 geocronômetros (da Terra e do universo) confiáveis que evidenciam uma Terra "jovem", como é o caso da taxa de crescimento populacional humano, a quantidade de poeira na superfície da Lua, a existência de radiohalos de Polônio em biotitas de granitos pré-cambrianos, a taxa de erosão dos continentes, o declínio do campo magnético da Terra, a perda de temperatura da Terra e da Lua, a pressão do gás natural, o barrado espiral das galáxias, a concentração salina nos oceanos, o aspecto plano-paralelo das rochas sedimentares, etc. Enquanto isso, segue o mito da evolução nas universidades, escolas e sociedade em geral, baseado em um longo tempo e uma macroevolução que nunca existiram... [ALM]

4 comentários:

Anônimo disse...

André, você conheçe a ciência Noética? Caso conheça, o que você tem a dizer sobre os experimentos realizados? Caso não, vá conheçer.

Elyson Scafati disse...

Por Marduk André!!!

Eu já lhe disse que estes métodos apenas recebem o nome de absoluto por serem passiveis de uma medição, diferentemente dos métodos de datação relativa (aquele que marca a idade das rochas sedimentares).

Mas são ESTATÍSTICOS, ou seja são medidos por uma média ponderada de suas quantidades nas rochas analisadas.

Assim, mesmo que haja acelerações nas taxas de decaimento devido a uma possível interação com neutrinos, a vida média destes elementos se mantém, com ou sem a influência solar.

Ela é dada por um valor acompanhado de um erro, o qual podemos considerar uma constante. Seu significado é a média aritmética de tempos de vida de todos os átomos do isótopo.

É obvio que o decaimento dos núcleos apresenta nos contadores geiger números aleatórios, pois estamos lidando com tempos aleatórios.

Os núcleos não esperam passar um tempo x de meia vida para dizerem "vamos decair metade agora!!!" Eles decaem o tempo inteiro.

Agora qual tipo de decaimento o artigo se refere, o alfa ou o beta?

No alfa temos o decaimento de um núcleo que o número de massa é reduzido de 4 e o número atômico de 2.

No beta, um nêutron se transforma em um próton, criando ao mesmo tempo um elétron e outra partícula sem carga ou massa, chamada de antineutrino.

Já, os raios gama surge com os dois decaimentos anteriores, pois o núcleon filho está em um estado mais excitado. Ao saltar para um nível mais baixo de energia emite raios gama.

Qualquer destes decaimentos, um pouco mais ou um pouco menos acelerados não influem significativamente nas medidas por isótopos radioativos, pois lidamos com médias.

Assim, a ficha que falta cair é a do Michelson, que mais se parece com um orelhão emperrado.

Elyson Scafati disse...

André acho que é vc quem não está sacando nada nas aulas. Leia menos a bíblia e a produção de lixo criacionista e estude um pouquinho mais de radioatividade, pois sua parte conceitual está fraquíssima.

Dilúvio, dilúvio!!! Tenha dó!!! Nada evidencia isto meu caro!!! O uniformitarismo de Hutton ainda está ai firme e forte, exceto para os crias de 5 categoria.

Realmente, o pior cego é o que não quer enxergar...

@00 geocronometros que evidenciam uma terra jovem...

Pelo amor de Bastet!!! Os que vc cita nem os crias de vigésima categoria não citam mais!!!!

Pó da Lua, crescimento populacional humano, radiohalos... tende piedade de nós!!!

Nem merecem comentários.

leia aqui

http://cienciaxreligiao.blogspot.com/2007/07/terra-jovem-refutada.html

Mesmo que isso fosse validado, não evidenciaria o criacionismo bíblico nem qq mito de criação.

Estude, estude... menos ideologia e mais trabalho!!!!

Elyson Scafati disse...

Sobre o barrado espiral de galáxias, é onde a formação de estrelas ocorre, pois estão repletos de material para que isso ocorra.

Esse material é originado de estrelas de primeira e/ou segunda categoria que colapsaram em supernovas. as estrelas de primeira categoria queimaram seu combustível muito rapidamente, em algumas centenas de milões de anos e não em bilhões como é o caso de estrelas menores como nosso Sol.

Assim, isso não é parâmetro para se avaliar a idade do universo.

A taxa de erosão dos continentes, depende de onde vc está: se no Grand Canyon (tem um rio e ação do gelo, além de boa parte das rochas serem arenitos), ou em região costeira, ela será rápida. Se em um lugar como o Atacama, ela será lenta.

O petróleo em sua maioria existe onde ocorreram mares. Assim não é necessário soterrar florestas como ocorre com carvão de depósitos carboníferos, mas agua do mar, plancton, necton e benthos.

Mares tem zonas de terremotos e há grandes possibilidades de soterramento de tudo isso. Assim, tanto o gás natural como pertróleo têm origem orgânica.

Pode ser que a teoria seja válida no que se refere a uma síntese interna a crosta terrestre para os hidrocarbonetos, pois há muito CO2 e CH4 expelido por vulcões. Mas esse estudo ainda é controverso.

Sem falar que há pedacinhos de conchas e plantas em rochas que abrigam petróleo e há água salgada sob o petróleo.

Isso tb não valida uma terra jovem.

Sobre o campo magnético da terra recomendo que estude paleomagnetismo e ai verá que este campo oscila de uma forma aleatória, ora crescendo ora declinando e se invertendo.

Quanto a aspectos plano paralelos de rochas sedimentares, isso ocorre devido a subidas no nível do mar. Há muitos lugares que já foram mar e hj não são mais e vice-versa. O planeta é dinâmico, não é por causa do dilúvio não!!!

Em suma, nada atesta o mito da terra jovem, exceto os devaneios do fundamentalismo cristão, a fim de justificar sua ideologia falida e as mirabolãncias do criacionismo.

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