segunda-feira, 27 de março de 2017

Alemanha leva a sério o descanso dominical

Dia do silêncio protegido por lei
É noite de sábado. As filas são longas, e as estantes dos supermercados já estão quase vazias. Todos correm para garantir que nada vai faltar em casa até segunda-feira. A cena quase apocalíptica é comum na véspera do “dia do silêncio” na Alemanha. O domingo aqui é sagrado e protegido por lei. Quase tudo fica fechado. Supermercados, shoppings e lojas abertos são raríssimas exceções. Por isso, é preciso se planejar. Se você esqueceu de comprar um ingrediente para o almoço de domingo, não tem chance. Vale o improviso ou correr para o restaurante. O domingo poderia ser o dia perfeito da semana para passar o aspirador, cortar a grama do jardim e fazer pequenos reparos em casa, como colocar um prego na parede. Mas, na Alemanha, é proibido. Quem desrespeita o silêncio do vizinho tem que pagar multa. Até jogar garrafas de vidro em contêineres espalhados pelas ruas não é permitido.

O Ruhetag (dia do descanso) é protegido pela lei do trabalho alemã. “Trabalhadores não devem exercer suas atividades aos domingos e feriados das 0h às 24h”, diz o texto. A regra não se aplica a veículos de comunicação, hospitais, espaço de lazer e teatros, que podem funcionar normalmente. Padarias e farmácias entram em esquema de plantão, num sistema de rodízio. Já a maioria dos restaurantes abre como nos outros dias da semana, e muitos oferecem brunch.

Em 2014, o Tribunal Administrativo Federal da Alemanha, em Leipzig, decidiu que bibliotecas, loterias e call centers não devem funcionar aos domingos, em resposta a uma ação movida por igrejas protestantes e o Verdi, sindicato de funcionários do setor de serviços, contra exceções aplicadas a certas categorias no estado de Hesse. O entendimento foi de que as pessoas podem fazer apostas ou pegar livros durante a semana, e que os trabalhadores desses locais precisam ter seu descanso respeitado.

Domingo, definitivamente, não é o dia para riscar tarefas da sua lista. Mas é ideal para acordar tarde, tomar um longo café da manhã e, se o tempo estiver bom, sair para andar pelo parque, passear na floresta e brincar com crianças ao ar livre.

É o dia para estar com a família e os amigos. Quem tem uma avó alemã, provavelmente será convidado para um Kaffee und Kuchen (bolo e café da tarde), seguido de um Spaziergang (passeio).

Fonte: DW, via Criacionismo

Nota do blog Criacionismo: Note que foram os protestantes e os sindicatos que “brigaram” pelo descanso dominical na
Papa e os líderes da UE; atrás, pintura do Juízo Final
Alemanha. Os primeiros deveriam defender a Bíblia (o princípio protestante sola scriptura), que estabelece osábado como dia de descanso. E o segundo será uma pedra no sapato dos que querem obedecer a Deus e à Sua Palavra. Quando o decreto dominical for assinado em um futuro próximo, muitos países o acatarão sem maiores dificuldades. Falando nisso, ontem os presidentes e líderes de 27 países da União Europeia (UE) foram até o Vaticano celebrar os 60 anos do Tratado de Roma. Quem discursou para eles e defendeu a união e o combate ao terrorismo? Sim, ele mesmo, o maior defensor do descanso dominical: o papa Francisco. [MB]

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